Alguns dias atrasado, mas conforme prometido: Aqui um post com camisetas minhas relacionadas ao um dos filmes da categoria "Se-você-não-assistiu-não-morra-sem-assistir", A Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick.
Eu poderia escrever litros e mais litros sobre cada cena e cada simbologia dos personagens, vestuário, músicas e comportamento. Mas vou me focar em algumas poucas cenas pra explicar essa camiseta que fiz no dia 25 de Maio, sob pedido da Jad Alves, que me deixou livre para criar uma imagem sobre o filme.
E já aviso desde já que mostrarei a MINHA interpretação do filme e que o texto abaixo tem alguns pequenos spoilers.
Camiseta: #HorrorShow
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VIOLÊCIA E SHOW DE HORRORES.
Ou, repetindo o termo de filme, ultraviolência e horrorshow! É disso que o filme fala.
Numa sociedade futurista (para um filme feito em 1970), uma gang de quatro garotos, os "Drooguies", vestindo trajes brancos estranhos, que parecem mais lutadores de esgrima com chapéu-coco, saem pelas ruas estuprando mulheres e violentando geral. Pelo que eu entendi, o diretor quis mostrar como a violência seria uma das maiores preocupações na sociedade no futuro. (Bingo! Ele acertou!)
Kubrick teve o capricho de inventar elementos que ele achava que iriam surgir no futuro: as vestimentas, arquitetura, tecnologia e até as gírias futuristas ele criou ('HorrorShow' é uma delas).
Quanto ao protagonista: Sabe aquele personagem de cabelo chanel, chapéu-coco, que tem um dos cílios maior que o outro e que é famoso por aparecer em todas as camisetas genéricas da Galeria do Rock inspiradas no filme? Então, este é Alex, o líder dos Drooguies, um jovem extremamente violento.
RESOLVENDO O PROBLEMA.
Depois de aterrorizar geral, Alex é pego pela polícia e na cadeia uns cientistas o pegam para 'curar' a violência dele.. e então ele é submetido a um teste de um tratamento médico que tem o efeito de que cada vez que Alex SINTA A VONTADE de violentar ou estuprar alguém, um enjôo e mal-estar o afeta. Aí ele não bate nem estupra mais ninguém.
Ou seja: Ele estava 'curado' da violência! Problema resolvido! Certo??
EEEEErrado! =)
O problema é o seguinte: Sim, o mal-estar vem a cada vez que ele sente a vontade de meter a mão na cara de alguém. Mas o problema é que ele CONTINUA sentindo a vontade de violência, ou seja, o problema NÃO FOI resolvido!
Sua vontade foi oprimida pela DOR.
Sua vontade foi TRANCAFIADA. Como que numa CELA escura e fétida. Para onde o resto da sociedade não costuma OLHAR.
Assim, sua vontade foi tratada como a violência é tratada nos países 'desenvolvidos' de hoje: Na OPRESSÃO, PORRADA da polícia e na PRISÃO.
Como se não houvesse outra maneira de combater esse problema.
E a ciência continua a progredir. Criando novas soluções para problemas que ela mesma criou.
PALMAS para o SANGUE!
- Ué? Mas então qual seria a cura para combater a violência, Lucas?
Não sei bem qual seria a cura, mas o que Kubrick mostra o que órgãos da sociedade TENTAM fazer para acabar com esse problema.
E é o resultado disso tudo que ilustro na camiseta acima.
Em uma das primeiras cenas os Drooguies saem na porrada contra uma outra gang da cidade. Até aí tudo bem. Soco no nariz, tapa na orelha, dedo no olho, cabeçadas e ... ... música feliz.
...
Que? MÚSICA FELIZ numa cena de pancadaria?
Sim. Música feliz de fundo! E tem mais: toda a cena ocorre em cima de um PALCO de teatro.
Ham ham? Sacou o que Kubrick taca na nossa cara?
Palco + Música feliz + Pancadaria...
Sim, a violência é usada pela mídia. Mas não como algo trágico (o que de fato é!), mas como entretenimento.
Como se as mazelas causadas pelo sistema fosse motivo de graça, palmas e malabarismos. Como se sangue não fosse coisa SÉRIA. Usando das merdas da sociedade pra fazer audiência.
Fazendo dessa porra toda, um show diário em nossas TVs. Um show de horrores.
Horrorshow.
E a ciência, numa sociedade desenvolvida, (claro!) daria as soluções para as delinquência das cidades. Delinquência que é efeito de uma sociedade DESIGUAL e MAL EDUCADA.
E o Estado, tenta esconder essa falha.
Mas o problema, amigos. Ainda existe ali.
Todos fingem que não sabem que existe. Mas existe!
Embaixo do tapete.
Esperando só um vacilo seu.
