Menu principal

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

.18 Black or White

Vamos falar sobre burrice?

  Nessa semana eu recebi um e-mail denunciando um blog que me deixou besta.
  Nele, o blogueiro brasileiro colocava fotos de cães mortos (um deles foi ele mesmo quem havia matado), que acompanhava textos que traziam uma série de "argumentos" que """comprovavam""" que os cães nos fazem mal, são nojentos, interesseiros e merecem ser mortos.
  Quanto a isso, não tenho muito o que dizer, já que, para mim pelo menos, é bem óbvio o papel dos cães, e pets em geral, nas nossas vidas. As vezes eu até acho que TODOS deveriam ter um cão, pelo menos uma vez na vida, para aprendermos a dar valor pra coisas simples, coisas que a raça humana insiste em esquecer... coisas sobre o essencial da vida, sabe? Talvez seriamos um pouco menos mesquinhos e ostentadores. Talvez saberíamos viver melhor... seriamos menos suicidas. Se 'escutássemos' mais essa simplicidade canina, talvez fossemos menos preconceituosos.
  Falando em preconceito, nesse blog também tinham links para grupos de debates onde pessoas apoiavam o 'AntiFeminismo' e racismo. Tinha até gente criticando nordestinos. (E o pior é que tinham cerca de 1800 pessoas nas comunidades do orkut desse cara!)
  Gente imoral, burra.
  E o mais estranho é que esse tipo de gente adora atacar a hipocrisia humana, dizendo "não seja hipócrita! Preconceito existe e está dentro de você!".
   Olha aqui, não estou escrevendo isso pra bancar o politicamente correto. Mas hipocrisia, pra mim, é quando você justifica uma divisão social com argumentos estúpidos, dizendo que cor de pele, sexo e origem geográfica são fatores que justificam a hierarquização humana. A cada palavra racista eu vejo amigos meus que sofrem preconceito por ser negro, eu vejo um branco atravessando a rua ao ver um negro vindo andando em sua direção, eu vejo um negro tomando enquadro da polícia pelo simples fato de "parecer suspeito", eu vejo uma negra sendo obrigada a alisar o cabelo só para manter a "boa aparência"; a cada piada machista, eu vejo uma dona Maria que apanha do marido e fica calada; a cada atitude preconceituosa, eu vejo um mendigo sendo espancado, eu vejo um índio sendo incendiado, eu vejo um gay levando uma lâmpada na cabeça.
   Eu sei que tudo isso que eu estou dizendo nesse texto já foi dito em palavras bem mais belas (e com menos erros gramaticais) por pessoas bem mais célebres e pensadoras do que eu, mas ver blogs como esse só me espanta MAIS ao ver que esses valores IDIOTAS ainda existem. Valores que, até tempos atrás, eu achava que já havíamos passado por cima nesses tantos séculos de história humana regida por preconceitos de todos os tipos. Será que toda a idiotice de Hitler não nos ensinou nada? Ou será que ele está começando a ser idealizado por alguns?

Sim, caro leitor. O racismo ainda existe. O machismo também. E outros tipos de preconceitos... também.
O fato de estarmos altamente desenvolvidos em nossas tecnologias não quer dizer que nosso lado humano esteja bem. Não se engane.

Não vou ser hipócrita e dizer que eu sou uma pessoa totalmente livre de preconceitos. Existem preconceitos que a gente nem percebe que tem! Que provavelmente foi colocado na nossa cabeça por pessoas que nunca viram o outro lado da coisa. Mas eu tento, cada vez mais, me livrar disso.

Será que esses "neo-nazistas" alguma vez já foram trocar ideia com um preto, pobre, nordestino...???
Será que essa galera preconceituosa já ouviu a fundo o que eles têm a dizer? Será que eles têm noção do que se passa no mundo alheio?

Cara, na minha opinião, sabe qual é o melhor remédio contra o preconceito?
A resposta está no primeiro post desse blog. (Eyetrade: troca de olhares.)
Quando a gente conhece outros mundos, nossa mente abre e quando a mente abre a gente vê o quanto eramos cegos e como nossas atitudes eram pequenas.


Se é uma atitude que eu NUNCA me arrependo em adotar em minha vida, é a abertura para novos mundos.
Se eu não tivesse conseguido quebrar algumas correntes mentais, eu ainda teria preconceito com certas coisas. Eu jamais entenderia o budismo, o cardecismo, a umbanda, o catolicismo, o wicca... (lindos!);
jamais sentiria meu coração bater no ritmo das alfaias do maracatu. Jamais, nessa diversidade de estilos, sentiria a fundo o ritmo e letras do Mano Brown (Rap), do Dead Fish (Hardcore), Michael Jackson (Pop), Teatro Mágico (Folk?), System of a Down (Rockeiros da Armênia), Smashing Pumpkins (Rock alternativo) e etc etc etc....
jamais entenderia um pouco sobre arte... Seja nos cinemas, na dança, na música, na pintura. Seja nos HQs ou nos mangás. Seja no grafite ou arte vetorial. Seja nas poesias do Alberto Caeiro, nos haikais japoneses ou nas histórias de Tolstoy.
Eu jamais teria uma melhor amiga mulher e nordestina.

Caramba! Se eu tivesse me bloqueado, quanto disso eu teria perdido?
Quanto de mim me faltaria hoje?

Eu jamais perceberia que todos... absolutamente TODOS os grupos sociais que eu conheço, que insistem em guerrear, procuram pelas mesmas coisas... e única diferença é que essas coisas são ditas em linguagens e formas diferentes.

Diferentes.

Quer saber?
Para combater o nossos próprios preconceitos, temos que aprender a nos apaixonar pela diversidade.

Claro, nunca estamos 100% livres de preconceito. Mas prefiro tentar identificá-los e destruí-los e seguir essa empreitada pela liberdade mental.

(Camiseta feira para minha brother Deborah Almeida. A gramática não está correta, mas é assim que está na música. "Não importa se você é preto ou branco.")


Ósculos.
Paz.