Menu principal

domingo, 22 de julho de 2012

.21 Vicodin


De repente hoje deu uma vontade de desenhar!
Desenhar no meu caderno inteiro, na parede do quarto, em uma camiseta antiga, nas minhas cobertas, no teto da cozinha, na calçada de casa, no asfalto, postes, carros, na parede da moça que vende produtos de limpeza - ela tem um espaço em branco acima das prateleiras. (É branco demais!)
Vontade de grafitar uma imagem diferente nas placas de trânsito. Pintar os brancos de negros e os negros de azuis. Pintar um cachorro. Pintar os ratos de amarelo e desenhar uma bolinha vermelha na bochecha só pra parecer com o pikachu.
Desenhar no corpo de mulheres, desenhar no corpo de mulheres, desenhar no corpo de mulheres...
Desenhar um 'Fuck me' na testa de vadias disfarçadas de santas e desenhar um 'Hug me' na testa dos caras metidos a garanhão e independentes.
Desenhar em todas as canecas, chinelos, camisetas, livros, tênis... Pintar o céu, pintar a água, a fumaça. Desenhar um som, um grito, uma música. Desenhar um perfume; um cheiro de miojo; cheiro de casa de vó; cheiro azedo.

Pintar olhos verdadeiros na cara nas pessoas. Desenhar a alma delas no peito.
Desenhar casas quentes, um prato de comida, um cobertor.
Desenhar a paz nas favelas; Desenhar pares de olhos e ouvidos nos condomínios.
Pintar uma coroa na testa de todos que pegam o trem no Terminal Grajaú às 6 da manhã.
Grafitar Nossa Senhora nas igrejas Universais; Buda nas igrejas católicas; Shiva nas Mesquitas; Arca de Noé no laboratório de Biologia; Marx na entrada do Centro Empresarial; Mario no escritório da Sony; Símbolo do Corinthians na parede do Palestra Itália; Desenhar um negrão pelado na parede de escritórios;

Me deu vontade de pegar um rolo de papel pardo e contar toda a história de alguém por meio do desenho. E acabar com os lápis de 36 cores que tenho.
Se acabar o verde, faço a grama de azul. Se acabar o azul, faço o céu de amarelo. Se acabar as cores, faço de nanquim. Depois de giz. Depois de carvão, caneta, lápis, tinta de tecido, tinta relevo, caneta marca-texto, cola colorida, lama, geleia, sangue...

Hoje acordei com vontade de desenhar no mundo.
Na verdade essa vontade me vem praticamente todos os dias.

Não é fuga do mundo real, é analgésico pra dor do vazio (que todos sentem).
É minha arma;
é minha voz;
é o estar bem com a satisfação do tempo de Agora;
É parte de mim;
é minha mente;
é minha Paz.

Eu entorto com um pincel as desgraças que poderiam me foder.

Camiseta feita em 15 de Julho de 2010. (obs: a criação não foi minha)

Ósculos,
Lucas Andrade